A utilização da inteligência artificial (IA) pelas editoras e livrarias pode transformar a experiência do leitor, otimizando a forma como os livros são recomendados e acessados.
Nos últimos anos, o setor editorial tem buscado inovações tecnológicas para melhor atender aos seus leitores. Na última edição da Feira do Livro de São Paulo, realizada entre os dias 5 e 21 de agosto de 2023, cerca de 500 expositores discutiram o papel da IA na indústria do livro. Durante o evento, especialistas apontaram que a adoção de ferramentas de IA pode personalizar a experiência de leitura, tornando-a mais interativa e significativa.
Dentre as principais tecnologias discutidas, destacou-se o uso de algoritmos de recomendação que, com base nas preferências e no histórico de leitura dos usuários, sugerem novos títulos e autores que podem despertar o interesse do leitor. “A personalização é a chave para engajar a audiência atual. A IA pode aprender sobre os gostos do usuário e oferecer sugestões que ele nunca teria encontrado de outra forma”, afirma Clara Lima, especialista em comportamento de consumo da Editora Nova Palavra.
Além da personalização, a IA também pode melhorar a acessibilidade dos livros. Ferramentas de leitura em voz alta e tradução automática estão se tornando cada vez mais comuns. “A tecnologia permite que leitores com deficiência visual ou dificuldades de leitura acessem o conteúdo de forma mais fácil e inclusiva”, declarou Marcos Almeida, CEO da Livraria Digital Books.
Diversos estudos, como os realizados pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), apontam que 70% dos brasileiros afirmam que a recomendação de livros personalizada influenciaria sua decisão de compra. Isso reforça a importância de editoras e livrarias investirem em IA para atender às expectativas de um público que busca mais do que um simples livro nas prateleiras.
No entanto, a implementação da IA não é isenta de desafios. Questões como o custo de adaptação tecnológica e a necessidade de capacitação dos colaboradores surgem frequentemente nas discussões. “A resistência à mudança é um obstáculo que precisa ser superado. É preciso treinar equipes para que elas compreendam e saibam trabalhar com essas novas ferramentas”, alerta Sofia Martins, diretora de inovação de um dos maiores grupos editoriais do Brasil.
À medida que o setor avança, é iminente que a integração da inteligência artificial se torne uma norma desejada, e não apenas uma tendência passageira. Livrarias e editoras que ignorarem essa transformação correm o risco de perder relevância em um mercado cada vez mais competitivo.
Portanto, para o futuro da leitura, a mensagem é clara: a experiência do leitor pode e deve ser aprimorada com o uso inteligente da tecnologia. Editoras e livrarias que investirem nessa direção não apenas ganharão uma vantagem competitiva, mas também contribuirão para a construção de um ambiente de leitura mais rico e acessível a todos. É hora de refletir sobre como a IA pode moldar o futuro do consumo de livros, e a responsabilidade recaí sobre os ombros de todos os envolvidos na cadeia produtiva do livro.